Família Chevalier

Carisma e Espiritualidade

    Impulsionado pelo Espírito de Jesus de Nazaré, o padre Júlio Chevalier, trazendo presente a experiência vivida num retiro, no qual encontra a face de Deus que é Amor e que ama profundamente a humanidade, percebe que diante de sua realidade nem todas as pessoas sabiam desta notícia de vida nova. Com isso, tomando como ponto de partida a experiência realizada e sentindo a necessidade do povo de seu tempo, toma a decisão de proclamar esse amor aos confins do mundo, na intenção de que toda a humanidade encontrasse um sentido profundo para sua vida.

    Nessa perspectiva, para Júlio Chevalier a devoção ao Sagrado Coração era o compêndio de toda sua vida cristã. O coração de Cristo representava toda sua pessoa, seu amor pela humanidade. O que mais chamava a atenção de Chevalier por Jesus era a sua compaixão por todos, sua misericórdia e a figura do Bom Pastor. Estes são os aspectos pelos quais seu coração palpitava forte em viver.

    Sabemos que o carisma é um dom recebido de Deus por uma pessoa e para a edificação dos homens e da Igreja. (1Cor 12). É possível perceber os diversos dons confiados ao Pe. Chevalier e que formaram o carisma MSC, configurando uma maneira de ser e de viver dos Missionários. Fazendo referência a isto as Constituições MSC nos relatam:

    O Padre Júlio Chevalier estava profundamente sensibilizado pelos males que afligiam os homens de seu tempo. Contemplando o Coração de Cristo, no qual se revela o amor misericordioso do Pai, ele descobriu que este Coração era para o mundo o remédio para todos os seus males. (MSC, 1984)

    Padre Chevalier, preocupado com os males que atingiam o coração de cada pessoa de sua época, apresenta o Coração de Cristo como remédio a tantas situações que rondavam o coração humano. Neste sentido, Chevalier salienta:

    Digo-lhe: Duas calamidades assolam nosso século infeliz: a indiferença e o egoísmo, é necessário um remédio eficaz capaz de curar esses dois males. Esse Remédio se encontra no CORAÇÃO DE JESUS que é só AMOR E CARIDADE. Além do mais, esse Coração adorável que nos é tão dedicado, não é bastante amado pelos homens. Eles ignoram todos os tesouros que ele encerra! (CHEVALIER, 1988)

    O carisma fundante de Chevalier é parte integrante de seu processo no dom da fé e de seu caminho na abertura à graça do Espírito Santo, bem como na sua resposta pessoal, na preocupação diante das realidades desumanizantes que sua época vivia e que ele as chamava de os males do tempo. Neste contexto, Kwakman destaca: que o carisma de Chevalier foi formado: pela grande paixão da sua vida; por sua constante visão e por seu sentido de missão, tomados conjuntamente. Esse carisma é o dom especial do Espírito Santo que o fez Fundador de uma Sociedade composta de diferentes Congregações Religiosas e grupos de Leigos. (KWAKMAN, 2015)

    É preciso ressaltar que, para que surgisse esse carisma MSC na Igreja, Chevalier passa por uma descoberta, ou melhor, por uma experiência que mudou a sua vida. Ele descobriu, a partir da devoção ao Sagrado Coração, uma paixão pela pessoa de Jesus Cristo, a experiência de um Deus amoroso e misericordioso.

    Chevalier, porque vivia de modo permanente a Devoção ao Sagrado Coração, foi se tornando cada vez mais consciente da ilimitada extensão do amor de Jesus que incluía tudo. Estava convicto de que essa Devoção continha tudo, era resposta para tudo e deveria ser difundida por toda parte e por todos, sacerdotes, religiosos e leigos, e em qualquer estado de vida. E ele não apenas refletia essa convicção em seus escritos e sermões, mas também na vida cotidiana e no seu modo de tratar o povo que o rodeava. Consequentemente, ele tinha seu próprio jeito de praticar a Devoção ao Sagrado Coração. (KWAKMAN, 2015)

    Se o carisma fundamental foi a fé, e com ela a visão peculiar de Deus Pai e de seu Filho encarnado, já pela ação do Espírito Santo a espiritualidade é a maneira palpável e visível de viver e de colocar em prática o conceito de Deus que dá sentido e significado à existência dos Missionários.

    Dessa maneira, a espiritualidade dos Missionários do Sagrado Coração nasce quando Pe. Chevalier fixa o olhar em Jesus na figura do Bom Pastor. Nesta visão de Jesus Cristo como bom pastor, refletido através de seu coração, foi que brotou a espiritualidade MSC. As Constituições dos MSC apresentam que: Em Jesus, nós reconhecemos o Bom Pastor que vai em busca dos que estão perdidos, que conhece os seus e que dá sua vida para os salvar. Ele nos manifesta assim a ternura do Pai para com aqueles que são desprezados e cujos direitos não são reconhecidos. Ele é nosso Mestre, manso e humilde de coração, que alivia nossos fardos e nos dá o repouso. Mas ele nos faz conhecer também suas exigências e fala com autoridade. Aos que vêm a ele, ele dá sua própria força e sua coragem para ajudá-los a viver e a trabalhar pela justiça e pela paz. (MSC, 1984)

    É na França, no século XIX, que Chevalier compreendeu que Jesus Cristo, o bom pastor, por meio de seu coração humano e divino é o melhor reflexo do amor de Deus pela humanidade. Esta descoberta de amor ou espiritual foi marcante e fundamental para sua vida e para a missão que assumiu a partir da fundação de sua Congregação.

    Chevalier estava convicto que Jesus precisava ser conhecido para ser amado. E não haveria caminho melhor do que a devoção ao Sagrado Coração para abrir as portas de uma vida nova, a partir da pessoa de Jesus apresentada nos Evangelhos. Assim, vai se concretizando no chão da vida dos Missionários a espiritualidade do coração. É na escola do coração que os membros desta Congregação missionária deixam plasmar e desenvolver a vida, a partir do coração humano e divino de Jesus.

    Temos que trazer presente, ao falarmos de carisma e espiritualidade MSC, a grande influência da escola francesa de espiritualidade e também da espiritualidade do Sagrado Coração promovida na época de Chevalier pela companhia de Jesus (Jesuítas). Retratando isto, Geeurickx argumenta: Parece que a Escola Francesa de Espiritualidade chega ao seu ponto alto justamente neste período e teve uma profunda influência sobre o Fundador. Esta escola de espiritualidade começou depois do Concílio de Trento e se apresentava, dos séculos XVII a XIX, como uma proposta de renovação espiritual. (GEEURICKX, 2004)

    Geeurickx complementa que: está muito clara a influência da espiritualidade inaciana em Júlio Chevalier, principalmente quando tratou de dar as primeiras formas jurídicas ao seu instituto. Os jesuítas, de fato, haviam dado muita cobertura à devoção do Sagrado Coração por intermédio da figura importante do Padre de La Colombière, SJ diretor espiritual de Santa Margarida Maria Alacoque. (GEEURICKX, 2004)

    Chevalier, embebido dessas fontes, tinha clareza que os Missionários do Sagrado Coração deveriam ter a preocupação atenciosa a todas as pessoas, em especial aos mais necessitados. Eles também deveriam acreditar e viver no amor de Deus que se manifestou no seu filho Jesus Cristo e zelar por uma vida pautada pela caridade, simplicidade e bondade. Além destes três elementos essenciais do carisma fundacional é preciso não perder de vista que, os novos conhecimentos do Pe. Chevalier não suprimiam o conhecimento anteriormente adquirido. Eles o complementavam. Jesus é ainda aquele que oferece a perfeita adoração ao Pai. Entregou sua vida pelos seus amigos, pela humanidade que amava. Não foi somente pelos homens que ele se entregou, “mas para que o mundo saiba que ele ama o Pai”. Segundo J. Chevalier a necessidade de adorar e louvar a Deus é, desde então, transformada pela luz do amor que ele descobriu no Coração de Cristo, mas o culto e a adoração, o louvor e a ação de graças, permanecem parte essencial de sua vida. (CUSKELLY, 1978)

    É nos evangelhos que Pe. Chevalier vai encontrar e meditar as atitudes de Jesus. É em contato íntimo com a Palavra de Deus que ele vai nutrindo sua espiritualidade. As características marcantes na vida de Jesus devem pautar o ser dos Missionários do Sagrado Coração. São elas: a gratidão, (Jesus louva ao Pai com eterna gratidão); o reconhecimento da grandeza de Deus, que é nosso Pai; e os sentimentos de mansidão e humildade. Aqui ainda encontramos os pobres (preferidos de Jesus) e aqueles que carregam pesados fardos. 

    Entretanto não restam dúvidas que esse texto bíblico baseia a vida MSC, pois encontramos as mesmas características na elaboração e constituição de sua espiritualidade e carisma, uma vez que os Missionários buscam em sua vida, por suas atitudes e pelos seus diversos ministérios, dar testemunho de um Deus que é amor, humilde, compassivo e que se preocupa com os mais pobres e necessitados.

    Poderíamos aqui retratar tantas outras passagens da Sagrada Escritura, por exemplo: profeta Oseias, a Carta aos Hebreus, as quais nutriam a vida espiritual de Chevalier, bem como o seu carisma e espiritualidade. Queremos, porém, chamar a atenção para uma em especial, que marcou significativamente sua vida e que se encontra no Evangelho de São João: 

    Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê o lobo aproximar-se, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as arrebata e dispersa, porque ele é mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem, como o Pai me conhece e eu o conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: devo conduzi-las também; elas ouvirão minha voz; então haverá um só rebanho, um só pastor (Jo 10,11-16). (CUSKELLY, 1978)

    Diante dessa passagem, Chevalier se depara com a figura que para ele reflete o profundo amor misericordioso de Deus pela humanidade. É um Deus que se apresenta como um bom pastor que cuida de todos sem exceção. Busca até aqueles que estão fora do redil, os mais necessitados, os pobres, os que são colocados à margem da sociedade. Assim devem ser também os Missionários do Sagrado Coração, homens imbuídos por uma profunda certeza do amor misericordioso de Deus por cada filho seu. Neste sentido, Chevalier e seus confrades foram chamados a ser missionários e testemunhas de um amor fiel.

Institucionais

  • Fundador

    Em 15 de março de 1824 nasceu Júlio Chevalier. Era de família pobre ma...

  • Devoções

    Sagrado Coração de Jesus

  • História

        Tudo começou no Coração de Deus, em Jesus de Nazaré, o Cristo. Ele continuou aman...

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        Até 1979, todos os integrantes da Região Belga eram MSC belgas. Com a Profissão Religiosa...

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