“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. (Jo 10,10)

Que bonito é ver o sorriso de uma criança! Quando esta criança tem o amor de parte de sua mãe, de seu pai, suas irmãs, seus irmãos, da comunidade e de toda a sociedade. Que nesta sociedade tenha estruturas econômicas e políticas que favoreçam esta vida desde a sua concepção.

Ainda bem que Maria, a mãe de Jesus, não pensou em abortar o filho que havia gerado: “Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e o chamarás com o nome de Jesus”. (Lc 1, 31) Maria deu à luz e o pai adotivo, José, apoiou-a na educação do filho. “Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso... E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus, e diante dos homens”. (Lc 2,51-52)

Jesus de Nazaré, crescendo em sabedoria, estatura e graça fez com que depois pudesse anunciar que Ele veio para que todos e todas tenham vida em abundância. E a nossa vida é um dom, uma graça, uma dádiva que todos e todas recebemos de Deus. Como diz o pensador judeu Martin Buber, “cada um dos seres humanos representa algo novo, algo que nunca antes existiu, algo original e único”. Como nos diz também o teólogo espanhol José Antonio Pagola, “ainda que muitas vezes o esqueçamos, o primeiro mandamento que nós humanos recebemos de Deus é viver. Mandamento que não está escrito em tábuas de pedra, mas gravado no mais profundo de nosso ser”. A vida de nenhuma pessoa pode ser interrompida pois ela carrega a luz que vem de Deus.

Perceba como a vida de cada um/a de nós é preciosa perante Deus e para toda a humanidade. Pois, Jesus, com a sua vida, nos mostrou que nós somos filhos amados e filhas amadas de Deus Pai e Mãe. Somos luz do mundo e somos sal da terra!

Como filhos e filhas, criados à imagem e semelhança de Deus, somos chamados à obedecer a este Pai que nos ama tanto. Sendo que a nossa obediência acontece quando amamos a vida, a acolhemos com um coração agradecido, cuidamos dela com solicitude e desenvolvemos todas as possibilidades para defende-la.

Nós, cristãos e cristãs, que nos dizemos seguidores e seguidoras de Jesus, deveremos sempre trabalhar em defesa da vida e vida em abundancia para todas as pessoas e de toda a humanidade. E isto implica em defendermos que todas as pessoas humanas tenham as suas necessidades básicas e fundamentais garantidas, ou seja, direito a alimentação, a moradia, a vestir-se, a saúde e a educação.

Como nos pede o Papa Francisco: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra e nenhuma trabalhador sem direitos”. Comunidades cristãs, trabalhemos para que isto aconteça.

Meu irmão, minha irmã, que possamos ser, cada vez mais, defensores da vida, da vida intra-uterina, da vida de todas as crianças e adolescentes para que possam ter o alimento em suas mesas, educação gratuita e de boa qualidade; que os jovens, principalmente negros e pobres, sejam respeitados em sua vida; que os idosos e idosas tenham aposentadoria e vida digna; e, que todas e todos possamos viver como viviam as primeiras comunidades cristãs: “A multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum. ... Não havia entre eles necessitado algum”. (At 4,32.34)

Pe. Mario Roessler, msc.